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5.31.2011

Mentira - Versão II - Vítima

 
Uma porta
Uma sala
Um vazio

Nada do que havia está lá
Nada era como parecia
O mundinho imaginário desabou
Mas o que desabou em cima
foi a verdade

Fui um tapa no rosto
Um soco no estômago
A raiva da ilusão
A tristeza da verdade

O que resta?
Acreditar
ou
Acreditar em não
Acreditar

5.25.2011

Mentira - Versão I - Autor


Uma aranha
Um fio de teia
e mais um... 
Só mais um
Não vejo nada
Se algo acontecer a essa teia
Tudo desaba
Um fio foi cortado
E outro
Acabou-se o sustento da teia
Estou no chão
Acabado
Acabado?
Não
É só uma questão de tempo
para criar outra...

5.09.2011

Indiferença



Ainda fico pensando no jeito que brinca comigo Não consigo distinguir a sinceridade da brincadeira. Mas gostava disso, até que veio a indiferença. Não me dava notícia, não respondia minhas mensagens. Até que atendeu uma ligação minha, lembro-me que falou o necessário e alguém estava te ligando, por isso você desligou. Disse que ia ligar, mas não ligou.
Triste, descartado, nervoso. Sabe o que acontece quando uma pessoa fica nervosa? Começa a quebrar tudo em volta. É... mas não eu. Quebrar simplesmente não seria suficiente. Preciso de algo maior.
Agora estou eu aqui, nesse campo deserto, as árvores dançavam a melodia do vento. Os pássaros, os grilos e gafanhotos, os coelhos e as raposas, todos serão a nossa platéia. Nós dois, frente a frente. É uma batalha. Surpresa! Sua arma? Ah, sim, sua arma é a indiferença que sempre usou comigo, que me matou. A minha? A foice que eu trouxe para o campo. Engraçado não?
E vou logo avisando: não tenho dó de quem vira as costas. Já que não vai fazer nada, vou desferir o primeiro golpe. Com um movimento, faço um corte em seu braço. O sangue começa a escorrer, manchando a relva verde do campo. Você olha pra mim com indignação. E eu apenas sorrio. Por que não continua me ignorando como fazia? Começa a me olhar com indiferença novamente.
Mais um movimento, um corte profundo no abdômen. Você se debruça, até tosse, mas no momento seguinte está de pé, com aquela expressão vazia. Estou indignado. Até agora você consegue me ignorar? Minha raiva aumenta de forma absurda. Assim como as manchas na terra. A grama estava escura. Gotas de orvalho? Não, não era orvalho. Os pássaros começam a cantar fortemente. Os grilos e cigarras não ficam de fora. Sem perceber, junto-me ao grupo com meus gritos de ódio. Até que percebo uma figura aberta jorrando sangue na minha frente. A música parou, a brisa cessou, o sangue acabou. Esfaqueei-te por simples impulso. Um impulso de, no mínimo, 27 vezes.
Os animais foram embora, o vento parou e as árvores não balançavam mais. Apenas eu era a expressão viva desse quadro. Ofegante, continuo a te observar atentamente: a árvore estava morta, toda machucada e sem seiva mais. Paro e penso: como gostaria que essa árvore fosse você. Mas infelizmente, era eu. E todos os elementos do quadro estavam mortos.