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6.03.2011

Histórias de Roberta - Lençóis




Fiquei até o anoitecer na faculdade, resolvendo alguns exercícios que deixei acumular. Sempre deixo. Mas isto não vem ao caso, não é importante. O verdadeiro acontecimento ocorreu depois, quando voltava para casa. Os postes de luz mal iluminavam a rua em que estava, não havia carros e nem pessoas além de mim. Estava deserta. Não me surpreenderia ver uma daquelas “bolas de faroeste” passando no meio da rua.
Estava escuro e quieto demais. Acredita em espíritos? Posso dizer-lhe que não existem, pois, se existissem, eu teria pelo menos ouvido suas vozes. Se fosse um espírito mudo, eu pegaria seu lençol para me esquentar, estava frio. Lençol? Isso é de fantasma, mas acho que já estou confundindo as assombrações.
Bem, continuei seguindo em frente, até o fim da rua. E adivinhem o que encontrei: o fim! Sim, o fim, the end, o grande finale. Uma parede enorme, branca, não só no fim da rua, mas em toda extensão do local. Era infinita para cima, para os lados, mas para baixo eu não sei, o chão tampava minha visão. Além do mais, para baixo é o centro da terra, mas agora questiono se é mesmo o centro.
Antes que você, leitor ignorante, me pergunte se era algum tipo de portal ou algo parecido, já vou avisando: não era. Acredite, eu tentei passar para uma outra dimensão, mas continuei na mesma. Minha casa ficava depois daquela parede. Eu morava depois do fim do mundo? E eu achava que falavam isso porque eu moro longe.
Mas esse fim estava me atrapalhando. Olhei-o atentamente, não podia ser o fim, mas era. Bom, se minha casa ficava depois do fim, então ela devia estar no começo. Fiquei pensando, até que um pano branco voou da parede. E outro, e outro...
Caro leitor, eram fantasmas me pregando uma peça. Poltergeists! Bom, segui em frente e entrei em casa. Tomei um banho e fui direto para cama. Cobri-me com meu adorado lençol branco. Às vezes acho que, no meio da noite, ele tenta voar, não sei porquê. Mas o agarro e ele não sai. Ele é meu, não o trocaria por nenhum outro lençol. Hum... Acho que essa história deve fazer algum sentido. Depois penso nisso. Boa noite, querido leitor.